Para se enxergar, é preciso ir adiante ...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lei

Decretei felicidade incondicional ao meu estado de liberdade.
Quero a perfeição a muitos metros de distância, e não permito agressão ao meu estado de espírito... deixa me sentir humana, deixa ser vítima dos meus erros, ainda que num disfarce de certeza.
O agora que faz pulsar meu semblante, talvez me borde, me renda, mas por gentileza, não me arre-mate, a nada me prenda, quero ser linha solta sobre o tecido.

[ Há de viver até perder a razão, para enfim encontrá-la.
A vida é feita de dor e de cor, aprenda.]

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Semente, semeia o outono das mãos.
Lança na terra suas letras e lágrimas. ( há de vingar )
Se mente, é pra depois saciar-se na verdade.
A retidão causa náuseas em almas comuns. ( viemos do pó )
Voltaremos pólen do que será, primavera, nosso berço... creio e teço, no tronco tantos nós.
Sê mente, e sê coração.
A-colhemo-nos, ao todo, que seremos no fim, um só.
Floresce, cresce, abra, sinta-se
Poda o aço do peito.
Não se fecha em botão
"a vida é de sentir"
   (Absinta-se)
 
 
"FLORESCER A CADA DIA. A ALEGRIA DE FLOR É SER"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

PALAVRA

Vivendo à beira de um discurso indireto
Politicamente incoerente, porém correto,
Minha manobra é essa: me agarro às bordas dele, e sigo.
[narra-dor, observa-dor, conta-dor, engana-dor, sonha-dor ]
Descontinuo um enredo nada linear em busca da graça, des...
Da lógica que há na lógica ( não numa ordem cronológica).
Descubro, disfarço, esquivo, fujo, mas me encontro.
Sou personagem de vozes que me organizam e me desconstroem.
Protagonizo a agonia de querer, ter, ser, haver.
Sou peça inteira de uma vida ainda, metade.
Não me permito ser verbo con-julgado no passado
Meu tempo é o agora, ou daqui um instante...
O que me fascina é descobrir a vida, almejando o que virá.
Não quero reviver a deselegância do que um dia "fui" ou "deixei" de ser.
Nem desejo antecipar a expectativa do aplauso.
Uma força me arrasta pra dentro de um roteiro com meio e, talvez fim...minha força será a continuidade ilógica, e também o que me levará sempre ao encontro de mim mesmo e de todas as outras coisas.
Rascunho uma vírgula na minha estória...sou o ensaio entre o lápis e o papel.
me descubro palavra, livre nas entre-linhas ...
... respiro apenas, e vou!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

F.L.O.R.

Quis ser flor do início ao meio.
O fim... ah! o fim é tão triste, e cruel, e solitário e tantos outros "es" !
Flor possui uma estranheza em sua ligeira felicidade, ainda assim...
...me quero semente, aguardando o momento oportuno de morrer, para ser enterrada e assim germinada. ( morrendo também se nasce )
me quero "muda", pra na exatidão do tempo, despontar aos berros e anunciar: -"eis-me aqui céu, em busca do mEU infinito."
Intensa, desejo abrir os botões de minha sã consciência, desabrochando segundo a segundo um suspiro de vida eterna frente à olhares que reconhecerem o miolo dos meus olhos.
Quero meu pólen visitando os mais remotos lugares, não me permito ser estigma de mim... sugue toda força, mas me devolva a certeza de que parte do que sou, se é-levará.
Quero o sorriso de quem me vê viva, com sangue pulsando em minhas pétalas-cores, e pranto disfarçado no suor-orvalho de minhas folhas.
Quero ser tocada por mãos que carregam o amor; o desejo do perdão; ou apenas almejam o sussurro de um sorriso que diz: "você também é importante pra mim".
Quero estar presente no luto, para assimilar que há beleza na dor , e permitir que essa mesma beleza me distraia os olhos.
Quero meus espinhos, como a face que se entrega ao tapa; e sabe ser forte, ser sorte... posso fazer sangrar, mas, bem-me-queira!
Que meu perfume enfeite o cheiro do ontem, do agora e do amanhã.
Por fim, a-dor-meço, assistindo cena a cena de um filme mudo... mantenho apenas a convicção de que o solo que um dia deu a vida, fará de mim outras flores...
...o que um dia fui, será sempre.
Seca, sombria, estanco minha tristeza , confio meu "até logo" ao mundo.
Flor-lhe-diz : mal-me-querer é o bem que contraria o partir antes da esperança.
[ vão-se as flores, ficam as sementes ]


HÁ de HAVER

Há dor,
no hoje do ontem do meu relógio sem lógica.
a dor aflora todo vício de um peito vagabundo
desponta em maltrapilho andar, passos bêbados,
contagem agressiva de quem finge partir em paz...
apenas vai, e vem, revoltas ondas de um mal ...
bem te olho, aqui de dentro
meu corpo, nosso quintal.

Há grado,
na cara quase limpa, pouco disfarce... pobre pierrô.
agrado, nascente de um rir sem falsas ilusões
máscaras pintadas por nossas cores, tão primárias.

suspiro primeiro do traço em giz
no raso dos olhos de um quem
outrora alvo, de certeiro riso
agora espelho terceiro, de tantos alguéns.


Há risco
na certeza do talvez engano.
arrisco, busco abrigo no colo de uma quase rocha.
digerindo o viver, copo meio cheio de deboche,
porre de exatos goles, em tantos arlequins, tão metade.
floresça em dança sobre o peso do andor, desabrocha.

Reféns, os ouvidos disparam em golpes:
desapega dos detalhes, mero vão de todas as coisas;
vê... nem toda farpa é lasca que fere;
sê... o inteiro da fração dos segundos em certas horas;
crê... na força da leveza, não no fardo;
o perigo é você... reflexo de todo pecado.
( há tudo em nós, e tanto em nada )
 
 

sábado, 7 de maio de 2011

um vento que acalma a intuição.
invento que calma é munição.
atiro.
arma franca. alma branca.
segurança escapa pelos olhos.
confessa. com medo.
apelo feito. fato con-sumido.
invento coisa qualquer. finjo.
numa cela, que não a de fora
sou ré. se algumas notas faltam.
invento.
                                                          calma.
                                                          me fujo pra dentro.

domingo, 3 de abril de 2011

quero meus tons numa tela/cela
rabiscados , imprecisos
ser parte que se mostra
ver arte exposta
de um "eu" que desconheço.
criada, pintura, presa
pelo pincel , assim selada
ser os olhos de quem me vê.